sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

retidão

Dentro do caminho por mim escolhido, "arjanam" (retidão) se faz essencial em cada atitude.
Sadhana é o caminho da prática e a retidão nesse caminho sustenta a própria prática fazendo-a substrato da filosofia de vida, do meu caminho. Assim, a retidão deve ser um valor assimilado pela prática pessoal persistente e constante, e ñ simplesmente difundido ou tagarelado via papagaio. Para assimilar um valor ele deve fazer sentido p/ mim. Entendendo o pq da ação e do resultado e adequo a minha conduta ao objetivo final.
A retidão que falo aqui, e como aprendi com Pedro Kupfer, significa retidão de conduta, sermos absolutamente responsáveis por nossas palavras e ações. Diz Kupfer que o início desse caminho é exercer controle sobre a palavra emitida e isso extender-se-á a todas as atitudes. Mentir e falsear a verdade por obra do ego é a forma mais descarada de desviar-se do caminho. "Arjanam" é tal como a flecha de um arco. Intenção, palavra, ação e objetivo final são as partes dessa flecha. Uma vez lançada a palavra ñ tem volta daí a importância em cuidar da língua.
Ñ existe atitude humana livre e consciente s/ que haja uma intenção por base. A palavra como atitude, é portanto precedida de uma intenção que nasce na mente do Homem. A palavra que segue no Dharma, deve ser clara e verdadeira, c/ a intenção de ajudar, dita com "mel na língua" de forma que o ouvinte a entenda e lhe seja útil para sua própria felicidade.
Língua solta e falta de educação, por mais verdadeiro que seja o conceito, ñ é eficaz para ajudar mto menos ensinar. O controle da língua é considerado por mtos o "tapas" mais importante dentro da prática, pois silenciar sobre a verdade é fácil, difícil é dizê-la c/ "mel na língua". E, se meu objetivo é a verdade, a verdade última, todos meus atos e palavras devem ser pautados por ela. Se minto ou falto c/ a verdade, se permito a ñ verdade acontecer na minha vida ocorre uma cisão dentro de mim.
Sábias palavras ouvi de uma tia minha há anos: ”mentir é fácil, cuidar da mentira é que é difícil”. Nada mais verdadeiro que esse ensinamento. Como se a vida ñ fosse complicada suficiente, ao mentir preciso lembrar-me do que falei e pra quem falei, preciso ter excelente memória, pois caso contrário entraria em contradição o tempo todo, teria que dividir as pessoas em grupos pequenos para poder controlar as falsidades que perpetrei, enfim, viveria dividido e dividindo.
Mentira é divisão, mesmo as mentiras “sem conseqüências”, ou mentiras "brancas" geram tensão dentro de mim. E mais ainda, mentindo eu criaria, como ouvi da professora Glória Arieira, duas pessoas dentro de uma só: o ator e o pensador. De tanto mentir, minha realidade seria dupla.
De tanto faltar com a verdade, criei uma divisão entre aquele que pensa que faz e o que faz realmente. O pensador deve ser o ator da ação, senão eu passo a acreditar na minha própria mentira e cada vez a bola de neve aumenta mais. Portanto, vendo que essa bola de neve surge lá atrás, naquele ponto onde eu faltei com a verdade, que isso se transformará num monstro e me dividirá em duas entidades antagônicas, eu desenvolvo o valor real pela verdade. Isso estrutura toda a minha vida e minha forma de viver e conviver com os outros. Então a verdade, bem mensurada para melhor ser compreendida, suave e c/ a intenção de ajudar deve sempre sair da boca do "sadhalka" (buscador) e "Arjanam", um dos seis valores que o sábio Sanatkumara ensina ao Rei Cego Dhritarastra no Épico Mahabharata é uma prática que consiste em cultivar tais valores para ter uma vida feliz, é fazer coincidir nossas intenções, palavras e ações c/ aquilo que é certo: o dharma, a justiça universal.

Como ensina Pedro Kupfer: "Aquilo que penso é aquilo que falo; aquilo que falo é aquilo que faço. Isso é retidão."

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